Imagine o mundo antes de 1895, com muito poucas das tecnologias que consideramos essenciais hoje em dia: computador, avião, televisores e também sem aparelhos de raios-X.
Antes da descoberta dos raios-x, não havia como observar o interior do corpo humano sem utilizar um bisturi e realizar cirurgias exploratórias. Pacientes que tinham ossos quebrados, tumores ou até mesmo algum ferimento a bala, eram diagnosticados apenas pelo exame físico e pelo melhor palpite do médico.
Então, em 08 de novembro de 1895, um professor de física alemão, Wilhelm Conrad Roentgen, fez uma descoberta notável. Ele pegou um tubo semelhante a lâmpadas fluorescentes, removeu todo o ar e encheu-o com um gás especial. Quando passou uma alta tensão elétrica através dele, o tubo emitiu um brilho fluorescente. Roentgen então cobriu o tubo com papel preto pesado e mais uma vez passou eletricidade por ele e notou ainda que uma tela revestida de bário no laboratório começou a brilhar.
Ele rapidamente percebeu que seu tubo estava emitindo uma “luz invisível” ou raio, e este raio pode passar através do papel pesado que cobria o tubo. Ele rapidamente fez mais algumas experiências e descobriu que estes novos raios poderiam passar através da maioria das substâncias e lançariam sombras de objetos sólidos em pedaços de filme.
Ele nomeou o novo raio de raio-X, pois em matemática “X” é usada para referir a quantidade desconhecida. O primeiro raio-X do corpo humano que ele realizou foi a da mão de sua esposa Anna. E dentro de um mês Roentgen deu o seu relatório à Sociedade Médica Alemã e à físicos amigos em toda a Europa. Em janeiro de 1896 o mundo foi tomado por uma “mania de raios-X”, e Roentgen foi proclamado o descobridor de um milagre médico. Em maio de 1896, o raio-X teve seu primeiro uso médico, quando foi usado em Nápoles para localizar balas no braço de um soldado ferido em uma campanha italiana contra os etíopes.
Dentro de um ano, os raios-X estavam sendo usados no diagnóstico e terapêutica em toda a Europa e Wilhelm Roentgen foi então considerado o pai da radiologia médica. Roentgen não procurou patentes sobre sua descoberta dos raios-X, mas foi o ganhador do primeiro Prêmio Nobel de Física em 1901.
Hoje em dia os raios-X são usados muito além do que apenas identificar as lesões de acidentes. Eles são utilizados para pesquisar, diagnosticar e tratar várias condições médicas. Raios-X pode ser usado em praticamente qualquer parte do corpo, desde a cabeça até a ponta dos pés, identificando problemas de saúde que vão desde um osso quebrado a pneumonia, doença cardíaca, obstruções intestinais e pedras nos rins. Os raios-X são usados ainda para combater o câncer, com a radioterapia, que se tornou fundamental no tratamento de várias tumores.
Mas talvez o maior impacto da descoberta do raio-x seja no atendimento rápido de um paciente com múltiplos ferimentos graves. Em poucos minutos ele pode ser radiografado, muitas vezes com uma tomografia computadorizada sofisticada, tendo suas lesões avaliadas, possibilitando um tratamento rápido antes da progressão para um estado muito mais grave.
Percebe-se dessa forma a grande revolução provocada pela descoberta dos raios-X na área da medicina, sendo hoje utilizado em diversos outros fins: militares, paleontológicos, agropecuários e até mesmo em portos e aeroportos.
Dr. Fernando Meira de Faria – Radiologista – CRM-MG: 46.590